Há cerca de um mês, surpreendi meu marido com uma questão que deixou-o intrigado. Perguntei se ele se importaria se eu juntasse dois anéis muito parecidos que ele me deu no começo do namoro (muito parecidos com a minha aliança, aliás) para participar de uma troca na H.Stern, por novas peças. A pergunta me soou muito racional e como algumas outras jóias vieram depois, que importância teria abrir mão das duas primeiras? Ele, que guarda até hoje o primeiro boletim escolar, todos os cadernos, a coleção de pedras da infância, entre outras coisas, concordou, mas se disse chocado com o meu despreendimento. Acontece que não foi desprezo pelos presentes, carrego esse pensamento em todo tipo de bem que eu tenho: para quê ter duas camisas brancas se sempre uma delas vai ser a favorita e, tendo uma favorita, eu não verei razão para usar a que gosto menos? Para quê ter três anéis parecidos se aliança é aliança, eu uso sempre e por isso não sobra situação em que cabe usar os outros? Meu closet também é bastante compacto. Para o padrão feminino, é claro. Sou a favor de poucos e bons. E não porque eu ache que as coisas precisem durar muito. Até porque eu costumo cansar delas antes de acabarem. É que se é para ter pouco, que seja coisas que a gente realmente goste. Outro fator que colaborou bastante para esse raciocínio foram as muitas mudanças (de casa e de país) que passei nos últimos tempos. Quanto se tem menos coisas, é mais fácil transportar. E só quem já carregou caixas e caixas nas costas sabe do que estou falando. Se pelo menos forem caixas de coisas que você adore de paixão, ok, o esforço é válido. O critério costuma ser, se há alguma coisa que eu não uso há um ano, é um sinal claro de que não usarei mais. Vale para roupas de festa, sapato, coisas que não servem mais. Aliás, essas são as que devem ficar mais longe. Porque ainda por cima, fazem a gente se sentir mal cada vez que olhamos para ela. Não trocamos de carro, de namorado, de emprego e as vezes até de amigos? Desde quando roupa deve ter um peso maior em nossa vida que tudo isso?